Desde 2016, um convênio entre o Ministério da Saúde e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ensina a prática da auriculoterapia a profissionais da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Já são aproximadamente 100 mil agentes do SUS capacitados para tratar pacientes do país inteiro com essa técnica derivada da acupuntura, de baixo custo, pouco invasiva e de resultados significativos em pacientes do país inteiro. A execução do convênio entre o ministério e a UFSC conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “Como fundação de apoio, a Fapeu tem possibilitado a atuação dos professores e técnicos nas diversas áreas do conhecimento”, observa o professor Lúcio José Botelho, coordenador do projeto e que já foi reitor da UFSC.
A auriculoterapia é uma técnica de estimulação de pontos específicos da orelha (geralmente por meio do uso de sementes vegetais esféricas aderidas à pele), local onde há terminações nervosas correspondentes a diferentes órgãos do corpo. Na atenção básica do SUS, a técnica tem sido usada em atendimentos individuais e coletivos para diversos tipos de problemas de saúde, após avaliação clínica pela equipe de saúde da família. Ela pode ser usada como tratamento principal ou, mais comumente, é adotada em associação com outras terapias de forma a enriquecer as possibilidades de cuidado adotadas pelos profissionais. Entre as recomendações para a auriculoterapia estão casos de insônia, tabagismo, obesidade, ansiedade e lombalgia.
Cursos
Realizado através da Coordenação Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, o programa tem o objetivo de capacitar profissionais em atividade de nível superior da atenção básica por meio de ensino semipresencial. O curso é dividido em duas etapas: uma por Ensino a Distância (EAD), com carga horária de 75 horas e cinco módulos sequenciais; e uma parte presencial, com carga horária de cinco horas, realizada após a finalização da EAD. As edições do curso são realizadas em diferentes estados, com a etapa presencial ocorrendo em municípios dos polos regionais selecionados.
O curso é multiprofissional e voltado a agentes lotados nas Equipes de Saúde da Família (ESF), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e ou Unidades Básicas tradicionais (centros de saúde). A formação é totalmente gratuita. A partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, instituída pelo Ministério da Saúde em 2006, os cursos começaram a ser ofertados a partir de 2016. Até a turma de 2020, que teve a conclusão adiada em razão da pandemia impedir o treinamento presencial, foram realizadas oito edições, com aulas presenciais em 49 cidades (polos regionais) de 25 estados brasileiros, mais o Distrito Federal). Somente nas edições de 2018, 2019.1 e 2019.2 foram registradas aproximadamente 15 mil inscrições, com 7.717 homologações e 5.421 certificações.
Florianópolis
Florianópolis recebeu a etapa presencial do curso em agosto de 2018, quando mais de 450 profissionais da Atenção Básica do SUS receberam treinamento sobre a auriculoterapia. Uma das participantes foi Cleci Zanin, que hoje é diretora na Secretaria de Saúde de Xanxerê, cidade do Oeste catarinense. “Eu vi no curso uma oportunidade de incrementar na prática os diversos grupos pontuais ofertados pela Atenção Básica no município com novas abordagens de cuidado”, disse ela na época. No ano seguinte, em 2019, a rede municipal de saúde passou a oferecer a prática como atividade complementar para a qualidade de vida dos pacientes.
Outra aluna daquela turma de 2018 foi a enfermeira Daiane Miranda da Silva, que hoje integra as equipes de saúde da família de Canoas (RS). A prefeitura gaúcha adotou a auriculoterapia e outras Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) em 2015 e, ao participar do curso em Florianópolis, a enfermeira Daiane contou que as participantes do grupo de apoio à Saúde da Pessoa Idosa da cidade já aguardavam com ansiedade a aplicação prática da técnica.
A aposentada Claci Alves, 69 anos, é uma das adeptas da auriculoterapia. Ela lembra que antes sofria com problemas de saúde relacionados à pressão alta e ao diabetes e enfrentava forte estresse. “Esse tipo de tratamento alternativo me ajudou muito, melhorou a minha ansiedade e eu até notei que eu consegui emagrecer. Sem ele, acho que já estaria sofrendo de depressão. Então, eu estou muito feliz, é maravilhoso. E tem muita gente até que me pergunta o quanto eu paguei por esse atendimento, e eu digo que é de graça. É só marcar a consulta”, afirmou.
PROJETO: APRIMORAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL: FORMAÇÃO EM AURICULOTERAPIA / COORDENADOR: Lúcio José Botelho / lucio.botelho@ufsc.br / UFSC / Departamento de Saúde Pública / CCS /
Foto: Tony Capellão/Prefeitura de Canoas
* Esta reportagem integra a edição número 13 da Revista da Fapeu que está disponível em https://abre.ai/revistadafapeu
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